arte contemporânea
Corpo arte artista nulo
set 2018 - atual
eu sou o corpo, o suporte
eu sou a arte
eu sou o artista
eu sou o único que não conseguirá ver a obra
que eu assino
Nossos corpos das artes performáticas estão sempre na linha de choque. Digo que somos meio que aquele cenário do Hans Belting em "O fim da história da arte". Mas e se eu quisesse ser nulo? e não ser o fim de nada, e não dizer nada, e tentar me calar? mas não pra ser nulo e questionar o vazio - num existencialismo de gente branca - mas ser nulo pra refletir nossa existência como corpos de arte. corpos que incomodam, que podem ser tão indesejados quanto são. Então eu proponho jogar o jogo, use meu corpo pra você se expressar, mas o resultado é meu, meu corpo é sempre meu, sempre. E pouco me interessa o que você registra em mim [eu sequer verei], me interessa mais a apropriação. A minha. Sobre você. O meu conceito então devora todas as marcas. e eu retomo o lugar de artista. mas agora artista-arte, artista-nulo, conceito. Desculpa, eu sinto que te engoli.
Se ano passado eu falava de estudos, este ano eu falo de protocolos. e isso pode ser mais um deles, o de sobrevivência de corpos de arte em um brasil intolerante e nocivo a nós. Talvez um brasil de projeção ainda mais insuportável no pós outubro. Minha performance nula é matemática, é a soma de todas as diferenças registradas em mim. É a apropriação que eu faço de tudo. mas aqui a inscrição é na única matéria que me pertence universalmente, o corpo que chamo de meu.